Em 2000, o químico atmosférico Paul Crutzen e o limnologista Eugene Stoermer formularam a conhecida hipótese do Antropoceno, segundo a qual a história natural da Terra entrou já num novo capítulo caracterizado pelo impacto nocivo ou disruptivo das atividades humanas na dinâmica do Sistema Terrestre a todas as escalas, incluindo a global (Crutzen & Stoermer, 2000).
Gerou-se depois um consenso de que esse impacto começou a tornar-se evidente durante a Era Industrial (1800-1945), mas só adquiriu extensão planetária no período da chamada Grande Aceleração (1945-ca. 2015), durante o qual parâmetros críticos do funcionamento do Sistema Terrestre e indicadores socioeconómicos que contribuem significativamente para afetá-lo começaram a aumentar de modo extraordinário, contínuo e quase simultâneo (Steffen, Crutzen e McNeill, 2007).
Um desses indicadores socioeconómicos da ação antropogénica com impacto geossistémico é o do Turismo Internacional, que passou de 25 milhões de entradas de visitantes internacionais a um país (nele pernoitando pelo menos uma noite) em 1950 para uns estonteantes 1,2 mil milhões em 2015 (Amelung et. al., 2016).
Esse aumento de cerca de 50 vezes tornou o Turismo Internacional num fenómeno planetário e numa das maiores indústrias do mundo, geradora, em 2015, de 10% do PIB global, de 1 em cada 11 empregos, de 7% de todas as exportações e de 30% das exportações de serviços (Amelung et. al., 2016).
Nele obviamente teve um papel fundamental a aviação comercial que, numa geração apenas tornou comum em muitos países desenvolvidos voos de milhares de quilómetros para umas férias ou um fim de semana contribuindo para transformar a maneira de viajarmos no e experienciarmos o nosso planeta.
Como previsível, o Turismo Internacional tem enormes impactos eco-climáticos e consequências substanciais para a sustentabilidade geo-ambiental. Essas, todavia, ainda permanecem insuficientemente exploradas (e.g., Gren & Huijbens, 2016)., nomeadamente em países nos quais o setor do turismo se tornou estratégico para o seu desenvolvimento, como é o caso de Portugal, em particular após a pandemia de Covid-19 (ainda não oficialmente terminada).
Isso motivou-nos a lançar esta chamada para participação no GM2023 subordinado ao tema “Ecoturismo e Ecoviagens no Antropoceno”. Nele procuramos especificamente tratar e discutir de que modo o Ecoturismo, entendido como forma de turismo que envolve viagens responsáveis (usando transporte sustentável) para áreas naturais, conservando o meio ambiente e melhorando o bem-estar da população local, pode contribuir para um Bom Antropoceno, aquele no qual nos tornámos capazes de usar o inédito poder coletivo de atuar no/sobre o planeta que adquirimos de maneira equilibrada e justa (Dalby, 2016).
Convidam-se, assim, todos os investigadores e académicos interessados na problemática a apresentarem propostas em português ou inglês para participação no Green Marble 2023.
Referências: Amelung, B., Student, J. Nicholls, S., Lamers, M., Baggio, R., Boavida-Portugal, I., Johnson, P., Jong, E., Hofstede, G., Pons, M., Steiger, R. & Balbi, S. (2016). The value of agent-based modelling for assessing tourism–environment interactions in the Anthropocene. Current Opinion in Environmental Sustainability, 23, pp. 46-53; Crutzen, P. & Stoermer, E. (2000). The “Anthropocene”. Global Change Newsletter, 41, pp. 17-18; Dalby, S. (2016). Framing the Anthropocene: The good, the bad and the ugly. The Anthropocene Review, 3(1), 33–51; Gren, M. & Huijbens, E. (2016). Tourism and the Anthropocene. Taylor and Francis; Steffen, Crutzen e McNeill (2007) – The Anthropocene: are humans now overwhelming the great forces of nature? Ambio, 36(8), pp. 614-621.
Gerou-se depois um consenso de que esse impacto começou a tornar-se evidente durante a Era Industrial (1800-1945), mas só adquiriu extensão planetária no período da chamada Grande Aceleração (1945-ca. 2015), durante o qual parâmetros críticos do funcionamento do Sistema Terrestre e indicadores socioeconómicos que contribuem significativamente para afetá-lo começaram a aumentar de modo extraordinário, contínuo e quase simultâneo (Steffen, Crutzen e McNeill, 2007).
Um desses indicadores socioeconómicos da ação antropogénica com impacto geossistémico é o do Turismo Internacional, que passou de 25 milhões de entradas de visitantes internacionais a um país (nele pernoitando pelo menos uma noite) em 1950 para uns estonteantes 1,2 mil milhões em 2015 (Amelung et. al., 2016).
Esse aumento de cerca de 50 vezes tornou o Turismo Internacional num fenómeno planetário e numa das maiores indústrias do mundo, geradora, em 2015, de 10% do PIB global, de 1 em cada 11 empregos, de 7% de todas as exportações e de 30% das exportações de serviços (Amelung et. al., 2016).
Nele obviamente teve um papel fundamental a aviação comercial que, numa geração apenas tornou comum em muitos países desenvolvidos voos de milhares de quilómetros para umas férias ou um fim de semana contribuindo para transformar a maneira de viajarmos no e experienciarmos o nosso planeta.
Como previsível, o Turismo Internacional tem enormes impactos eco-climáticos e consequências substanciais para a sustentabilidade geo-ambiental. Essas, todavia, ainda permanecem insuficientemente exploradas (e.g., Gren & Huijbens, 2016)., nomeadamente em países nos quais o setor do turismo se tornou estratégico para o seu desenvolvimento, como é o caso de Portugal, em particular após a pandemia de Covid-19 (ainda não oficialmente terminada).
Isso motivou-nos a lançar esta chamada para participação no GM2023 subordinado ao tema “Ecoturismo e Ecoviagens no Antropoceno”. Nele procuramos especificamente tratar e discutir de que modo o Ecoturismo, entendido como forma de turismo que envolve viagens responsáveis (usando transporte sustentável) para áreas naturais, conservando o meio ambiente e melhorando o bem-estar da população local, pode contribuir para um Bom Antropoceno, aquele no qual nos tornámos capazes de usar o inédito poder coletivo de atuar no/sobre o planeta que adquirimos de maneira equilibrada e justa (Dalby, 2016).
Convidam-se, assim, todos os investigadores e académicos interessados na problemática a apresentarem propostas em português ou inglês para participação no Green Marble 2023.
Referências: Amelung, B., Student, J. Nicholls, S., Lamers, M., Baggio, R., Boavida-Portugal, I., Johnson, P., Jong, E., Hofstede, G., Pons, M., Steiger, R. & Balbi, S. (2016). The value of agent-based modelling for assessing tourism–environment interactions in the Anthropocene. Current Opinion in Environmental Sustainability, 23, pp. 46-53; Crutzen, P. & Stoermer, E. (2000). The “Anthropocene”. Global Change Newsletter, 41, pp. 17-18; Dalby, S. (2016). Framing the Anthropocene: The good, the bad and the ugly. The Anthropocene Review, 3(1), 33–51; Gren, M. & Huijbens, E. (2016). Tourism and the Anthropocene. Taylor and Francis; Steffen, Crutzen e McNeill (2007) – The Anthropocene: are humans now overwhelming the great forces of nature? Ambio, 36(8), pp. 614-621.
GREEN MARBLE 2023-ANÚNCIO E CHAMADA PARA PARTICIPAÇÃO | |
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